Sempre ouvimos falar do perdão como um mandamento bíblico, um
princípio que deve orientar a vida de qualquer cristão. Porém, na maioria das
vezes desconhecemos a força e o impacto que essa atitude pode ter em nossa
vida. Um grande exemplo que posso compartilhar com todos acerca da força que o
perdão possui me leva ao ano de 2003, quando estive na África do Sul.
A África do Sul viveu por quase meio século um regime político
cruel e discriminatório que entrou para a história como “Aparthaid”. Nesse
regime a minoria da sociedade branca impunha um sistema de leis e restrições à
maioria de cor negra. Eram comuns os protestos, assassinatos e violações aos
direitos humanos contra os negros. Por conta desse sistema de governo a África
do Sul foi por muito tempo excluída de competições e eventos internacionais.
A luta dos negros daquele país era representada por um líder, seu
nome era Nelson Mandela, o qual ficou por 27 anos preso por pregar a igualdade
entre brancos e negros. Sendo libertado somente em 1990 e tornando-se o
primeiro presidente da era pós “Aparthaid” em 1994. Nessa época a África do Sul
encontrava-se dividida pelo ódio racial e as grandes diferenças sociais
existentes. Era grande o medo de uma divisão, ou até mesmo de uma guerra civil.
Ao assumir a presidência Mandela iniciou um movimento de
reconciliação. Ele pedia que brancos e negros se perdoassem e reconciliassem.
Essa mesma época coincidiu com a realização da copa do mundo de rúgbi, em 1995,
e a seleção sulafricana, um time sem brilho e talento era um dos símbolos da
opressão do “Aparthaid”. Foi nesse cenário desafiador e improvável que um país
inteiro começou a transformar-se e a fraca seleção da África do Sul acabou
sendo campeã mundial.
Essa história incrível acabou sendo retratada no livro: “Playing the Enemy: Nelson Mandela and the Game that
Made a Nation”, escrito pelo
Jornalista Jonh Carlin. No Brasil esse livro foi intitulado: “Conquistando
o Inimigo: Nelson Mandela e o Jogo que uniu a África do Sul”[1].
Em 2009 esse livro deu origem ao Filme Invictus, dirigido por Clint Eastwood,
com a participação dos atores Morgan Freeman e Matt Damon, que alcançou grande
sucesso contando a história real dessa magnífica transformação.
Hoje a África do Sul é uma das cinco maiores economias
em crescimento, fazendo parte juntamente com o Brasil do grupo dos BRICS –
Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Sendo a nação mais próspera do
continente africano e tendo organizado a última Copa do Mundo Fifa em 2010.
Mas como um país, antes mergulhado em tamanha
opressão, ódio e ressentimento pôde se recuperar a ponto de se tornar próspero
e unido?
A Bíblia nos oferece algumas respostas:
Jesus, nosso Senhor e Salvador nos ensinou a importância
de exercitarmos o perdão, conforme nos diz o Evangelho de Mateus:
“Então Pedro, aproximando-se dele, disse:
Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até
sete? Jesus lhe disse: Não te digo que até sete; mas, até setenta vezes
sete. Por isso o reino dos céus pode comparar-se a um
certo rei que quis fazer contas com os seus servos. E, começando a fazer
contas, foi-lhe apresentado um que lhe devia dez mil talentos. E, não tendo ele
com que pagar, o seu senhor mandou que ele, e sua mulher e seus filhos fossem
vendidos, com tudo quanto tinha, para que a dívida se lhe pagasse. Então
aquele servo, prostrando-se, o reverenciava, dizendo: Senhor, sê generoso para
comigo, e tudo te pagarei. Então o senhor daquele servo, movido de
íntima compaixão, soltou-o e perdoou-lhe a dívida. Saindo, porém, aquele
servo, encontrou um dos seus conservos, que lhe devia cem dinheiros, e,
lançando mão dele, sufocava-o, dizendo: Paga-me o que me deves. Então o
seu companheiro, prostrando-se a seus pés, rogava-lhe, dizendo: Sê generoso
para comigo, e tudo te pagarei. Ele, porém, não quis, antes foi
encerrá-lo na prisão, até que pagasse a dívida. Vendo, pois, os seus
conservos o que acontecia, contristaram-se muito, e foram declarar ao seu
senhor tudo o que se passara. Então o seu senhor, chamando-o à sua
presença, disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me
suplicaste. Não devias tu, igualmente, ter compaixão do teu companheiro,
como eu também tive misericórdia de ti? E, indignado, o seu senhor o
entregou aos atormentadores, até que pagasse tudo o que devia. Assim vos
fará, também, meu Pai celestial, se do coração não perdoardes, cada um a seu
irmão, as suas ofensas.”(Ev. Mateus,
cap.18, vers. 21 a 35).
Aprendemos que ao pedirmos ou liberarmos perdão alcançamos
a benevolência e o favor de Deus. Com isso temos maiores chances e oportunidades
em sermos abençoados. O Apostolo Paulo também nos ensinou a esse mesmo respeito.
“Suportando-vos uns aos outros, e
perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como
Cristo vos perdoou, assim fazei vós também. E, sobre tudo isto,
revesti-vos de amor, que é o vínculo da perfeição.” (Colossenses, cap.3,
vers. 13 e 14).
O Apóstolo Pedro, também escreveu:
“Mas, sobretudo, tende ardente amor uns para
com os outros; porque o amor cobrirá a multidão de pecados.” (I Pedro, cap.
4, vers.8)[2].
Vemos, também, que ao exercitarmos o perdão
criamos as condições necessárias para cultivarmos o amor, sendo este um
sentimento perfeito. E onde há perfeição, há benção! Essa é uma lição que pode
ser aplicada a qualquer ser humano, a qualquer família, qualquer cidade ou qualquer
país! Como vimos na história acima.
Por mais que nos seja difícil, ou por mais que o ressentimento
ou o ódio pareça mais forte, o perdão alicerçado no amor é ainda mais poderoso!
Pois em Cristo as coisas velhas podem ser renovadas, fazendo-se novas (II
Coríntios, cap. 5, vers. 17 e 18).
Que o Senhor Jesus possa tocar em sua vida,
dando-lhe a força e as condições necessárias para pedir perdão e também
perdoar. E você verá quão grande
diferença isso fará em sua vida!
Que Deus te abençoe ricamente!
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