A riqueza
Entre as músicas clássicas compostas no passado,
sua maioria foi inspirada em temas e assuntos religiosos. Uma delas, composta
em 1937 pelo maestro e compositor alemão Carl Orff[1]
foi denominada Carmina Burana[2],
alcançando grande sucesso. Essa música, executada na forma de uma cantata
encenada, foi extraída de um manuscrito datado do século XIII, o Codex
Latinus Monacensis[3], composta
de 315 poemas, em 112 folhas de pergaminho decoradas com ilustrações em
miniatura.
Um de seus textos, convertidos nessa música, fala especificamente
da relação perniciosa do amor do homem pela riqueza e pelo dinheiro. Essa parte
desse poema é denominada “O Fortuna” em alusão à deusa pagã da riqueza.
Um desses versos diz:
Sors salutis
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A sorte na saúde
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Et virtutis
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E virtude
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Michi nunc contraria
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Agora me é contrária.
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Est affectus
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Dá
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Et defectus
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E tira
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Semper in angaria.
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Mantendo sempre escravizado
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Hac in hora
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Nesta hora
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Sine mora
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Sem demora
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Corde pulsum tangite;
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Tange a corda vibrante;
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Quod per sortem
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Porque a sorte
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Sternit fortem,
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Abate o forte,
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Mecum omnes plangite!
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Chorai todos comigo!
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Ainda nos dias de hoje, grandes orquestras sinfônicas e corais
clássicos costumam apresentar essa canção em grandes apresentações e concertos.
A Bíblia Sagrada, porém, muito antes da composição dessa obra
musical, ou mesmo do texto original que a inspirou, já nos falava claramente dos
riscos em deixar-nos seduzir pelo dinheiro ou pelo poder e riqueza gerados por
ele. Jesus, Nosso Senhor e Salvador, nos advertiu quanto as consequências em
nos devotar a busca pelos tesouros e bens materiais:
“Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça
e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam. Mas ajuntai
tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões
não minam nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará
também o vosso coração.” (Mateus, cap.6 vers.19 a 21).
Verdadeiramente, Jesus procurou nos ensinar que ao concentrar
nossa vida na busca em apenas ganhar dinheiro, ou nos benefícios proporcionados
pela riqueza, cometemos um grande erro. Nos esquecendo do verdadeiro objetivo
que é a salvação de nossa alma por meio da fé. Outro importante exemplo dessa
mesma lição vemos registrada no Evangelho de Lucas:
“E disse-lhes: Acautelai-vos e guardai-vos da
avareza; porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui.
E propôs-lhe uma parábola, dizendo: A herdade de um homem rico tinha produzido
com abundância. E ele arrazoava consigo mesmo, dizendo: Que farei? Não tenho
onde recolher os meus frutos. E disse: Farei isto: Derrubarei os meus
celeiros, e edificarei outros maiores, e ali recolherei todas as minhas novidades
e os meus bens. E direi a minha alma: Tens em depósito muitos bens para muitos
anos; descansa, come, bebe e folga. Mas Deus lhe disse: Louco! esta
noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será? Assim
é aquele que para si ajunta tesouros, e não é rico para com Deus.” (Ev.Lucas,
cap.12, vers.15 a 21).
Aprendemos assim que o principal foco de nossa vida não deve estar
voltado a busca pelo acúmulo de riquezas, mas sim em preparar-nos para nossa
vida com Cristo, agora e na eternidade. Mas talvez você possa perguntar a si
mesmo: Mas será que Deus deseja então que sejamos pobres? Ou que venhamos a
viver em situação de penúria ou miséria?
É claro que não! A própria Bíblia nos dá uma resposta clara a esse
respeito:
“Porque já sabeis a graça de
nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre; para
que pela sua pobreza enriquecêsseis.”
(II Coríntios, cap.8, vers.9).
Observamos, que Jesus sendo Deus, rico e soberano, optou por
tornar-se pobre, deixando sua Majestade, Glória e Riqueza nos céus, vivendo
entre nós como um simples filho de um humilde carpiteiro. Isso para que por Ele
viéssemos a receber o dom da salvação e com isso toda a sorte de bênçãos. Entre
elas as bênçãos materiais. Veja o que diz a Palavra de Deus:
“Louvai ao Senhor. Bem-aventurado o homem que
teme ao Senhor, que em seus mandamentos tem grande prazer. A sua semente
será poderosa na terra. A geração dos retos será abençoada. Prosperidade
e riquezas haverá na sua casa, e a sua justiça permanece para sempre.” (Salmos,
cap.112, vers.1 a 3).
“O meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá
todas as vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus.” (Filipenses,
cap.4, vers.19).
Lembre-se. O Senhor Jesus suprirá suas necessidades, não apenas
para a sua satisfação e tranquilidade, mas para que o nome Dele seja a glorificado!
Para isso foque-se em Deus, em seus mandamentos – Na sua Palavra! E cuide-se
quanto ao alerta dado pelo Apóstolo Paulo em sua primeira carta a Timóteo:
“Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a
espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a
si mesmos com muitas dores.” (I Timóteo, cap.6 vers.10)[4].
Que Deus, em sua infinita
graça e riqueza, possa primeiramente conservá-lo em sua fé e nos verdadeiros
objetivos de sua vida! Isso para que todas as promessas de bênçãos e prosperidade
possam alcançá-lo (Deuteronômio, cap. 28). Tudo para que o nome do Senhor Jesus
seja glorificado em sua vida.
Que Deus te abençoe grandemente!
[1] Carl
Orff – Maestro e Compositor Alemão, nasceu em Munique em 10 de julho de
1895 e faleceu em 1982. Criador do método Orff, baseado na percussão e
canto. – Fonte: Grandes Compositores, Vol. III, Editora Egéria.
[2] Carmina
Burana, do latin Carmen/inis, sig.Canto/cantiga; Bura(m), sig.Vulgar.
[3] Codex
Latinus Monacensis - Encontrado em 1903 no convento de Benediktbeuem,
nas proximidades de Bad Tölz,na Alta Baviera, Alemanha. Esse texto medieval atualmente
encontra-se guardado junto ao acervo da Biblioteca Nacional da Alemanha, em
Munique.
[4]
Todas as citações bíblicas referenciadas nesse texto foram extraídas da Versão
ALMEIDA, Corrigida e Revisada – SBB.